Tenho certeza que uma grande parte da enfermagem desconhece esse assunto.
Hipodermóclise é uma técnica de administração de fluidos no espaço subcutâneo, embora seja uma técnica antiga (O primeiro registro de utilização foi durante a epidemia de cólera na Europa, em 1827) é ainda pouco conhecida pelos profissionais, porém à medida que essa prática começou a ser incorporada por serviços ao redor do mundo, têm sido publicados protocolos que referendam e orientam o seu uso. No Brasil, é lamentável que ainda exista uma carência de estudos e de protocolos hospitalares sobre o tema. A principal referência nacional até o momento é o manual lançado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) com o título “Terapia Subcutânea no Câncer Avançado”.
Dados Medline/PuBMed, LILACS e BDENF foram localizados 10 estudos em português e inglês, entre 2010 e 2020, utilizando-se os descritores: cuidados paliativos, hipodermóclise e equipe de assistência ao paciente. Os estudos demonstram que equipe de enfermagem é a categoria profissional que possui mais evidências sobre a temática. Além disso, a prática mostrou-se de fácil aplicabilidade, além de ser de baixo custo, assegurar o controle sintomático e proporcionar conforto aos pacientes em cuidados paliativos, porém, ainda é pouco conhecida e normatizada, sendo estes fatores limitantes da disseminação da terapia subcutânea nos cenários de atenção à saúde.
Estudos mostram que a hipodermóclise é um método eficaz para tratamento da desidratação leve a moderada e para a administração de medicamentos. Para que seja integrada à assistência e contribua no tratamento das pessoas que necessitam dessa intervenção, são importantes o conhecimento e a instrumentalização das equipes profissionais. Com o aumento da longevidade da população e do número de pessoas com câncer e doenças crônicas que necessitam de cuidados paliativos, essa técnica tornou-se uma opção eficaz e que tem sido resgatada para utilização em algumas condições.
Prof. Evandro Sena
Mestre em Terapia Intensiva
Supervisor das UTI’s Clínicas e Cirúrgicas do Hospital das Clínicas de São Paulo – FMUSP